quarta-feira, 10 de abril de 2024

ISMÊNIA RIBEIRO SCHNEIDER

 

ISMÊNIA RIBEIRO SCHNEIDER, Dona Ismênia, ou simplesmente Menoka, como era conhecida carinhosamente pelos familiares e amigos, nos deixou em 08 de abril de 2024. Faleceu aos 89 anos, em Florianópolis, onde residia há muitos anos. Foi casada com Arno Leopoldo Schneider, com quem teve quatro filhos: Miriam, Simone, Guilherme e Daniela.

Ismênia se graduou em Letras pela UNIJUÍ (RS), com especialização em Língua Portuguesa e Literatura, e, ainda, fez uma especialização na mesma área pela Universidade de Passo Fundo (RS).

Nasceu em 30 de dezembro de 1934 e era natural de São Joaquim (SC), região da qual se orgulhava e a que dedicou grande parte de seus estudos, resgatando a história e a genealogia de famílias serranas. Sua linhagem ancestral está muito bem descrita em seu livro e blog, mas vale destacar que é Filha de Lydia Palma Ribeiro e de Enedino Baptista Ribeiro, de quem herdou o início das pesquisas de genealogia da região, tão admiradas e continuadas por Ismênia. O livro de Enedino “Gavião de Penacho: Memórias de um Serrano” é uma das primeiras referências sobre a genealogia serrana e uma deliciosa autobiografia da vida serrana no início do Século XX.

Os estudos genealógicos tornaram-se, assim, a paixão de Menoka, que passava dias lendo e buscando novas informações, em diferentes fontes, como no Museu do Judiciário Catarinense, em paróquias e cartórios, em sites de genealogia. Divertia-se descobrindo as ligações entre as diferentes famílias e compartilhando as descobertas com outros pesquisadores e interessados na área.

Como resultado de seus estudos e do seu desejo de compartilhar suas descobertas, Ismênia criou este Blog em 2010, o “GENEALOGIA SERRANA DE SANTA CATARINA”, que se tornou uma referência importante para a genealogia desta região catarinense. Em 2013, publicou o livro “O VOO DAS CURUCACAS: ESTUDO GENEALÓGICO DE FAMÍLIAS SERRANAS DE SANTA CATARINA”, que está disponível para ser comprado pela Livraria Livros e Livros e na Livraria Latinas, ambas em Florianópolis.  

Ela foi uma sócia fundadora e benemérita do Instituto de Genealogia de Santa Catarina (INGESC) e uma sócia correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Lages-SC (IHGSC). Também contribuiu com artigos em jornais e revistas sobre a genealogia serrana de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

Ismênia, portanto, nos deixou um grande legado. Suas publicações se tornaram uma referência para pesquisadores, historiadores e genealogistas, e, este blog continuará aberto e disponível para os interessados no tema.

Além de uma excelente pesquisadora, professora e escritora, Menoka sempre permanecerá em nossos corações, como um exemplo de mulher, à frente de seu tempo. O amor dedicado ao seu companheiro Arno, assim como enquanto mãe, avó, bisavó e amiga serão inesquecíveis e um exemplo de vida. Quem conviveu com ela, sempre se lembrará de suas palavras doces, seu abraço carinhoso e seus convites para um bom cafezinho da tarde.


Ismênia Ribeiro Schneider.

Casamento de Ismênia e Arno Leopoldo Schneider, em 1955.


Casamento de Enedino Bastista Ribeiro Filho e Marli Santos Ribeiro, quando toda a família de Enedino e Lydia estavam presentes (1963).


Ismênia, Arno, filhos e netos.

Ismênia e familiares na cruz de Inholo.

Ismênia e Arno em viagem.


Arno e Ismênia, em 2011, aniversário de 80 anos do Arno.


Grayce, Carina, Felipe, Arno, Ismênia, Jorge e André no aniversário de 80 anos do Arno (2011).



Ismênia realizando suas pesquisas genealógicas.






domingo, 25 de dezembro de 2022

Boas festas!

 Encerramos mais um ano agradecendo a todos(as) que acompanham as nossas pesquisas e publicações.

Desejamos um Feliz Natal e um próspero ano novo, com muita saúde, paz e realizações!





Grande abraço,

Ismênia e equipe.

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

RUA OROZIMBIO PEREIRA DE SOUZA

                                                       

 Matéria elaborada por Carlos Solera  

e Eleni Cássia Vieira

 

                                                                 Acervo Carlos Solera

 

 

URUPEMA TEMPO E MEMÓRIA

 

 

Projeto cultural idealizado e desenvolvido, voluntariamente, por Eleni Cássia Vieira e Carlos Solera.

 Conta com parceria técnica do Blog Genealogia Serrana de Santa Catarina, com as renomadas pesquisadoras e escritoras, professoras Ismênia Ribeiro Schneider, Cristiane Budde e Daniela Ribeiro Schneider. Como fator fundamental para elaboração das matérias, a importantíssima colaboração da comunidade de Urupema.

 O projeto visa resgatar histórias de vida de pessoas que nomeiam as ruas de Urupema, e, que de alguma forma, contribuíram para o enriquecimento da cultura local. É de extrema importância que as pesquisas englobem diferentes segmentos familiares e amizades, daquele que recebeu homenagem da comunidade. Dessa forma, além de enriquecer a matéria elaborada, garantem o fortalecimento da história local.

 Nesse intuito, o projeto Urupema Tempo e Memória completa agora mais de uma dezena de histórias de vida de personagens honoríficos das ruas da cidade, que se entrelaçam com outras centenas de pessoas.

 Se a memória histórica não for resgatada, ela se perderá no tempo, pois muitas vezes, mesmo os descendentes mais jovens das famílias desconhecem a trajetória de vida de seus antepassados.

 Esta edição contará com diversos aspectos históricos da vida de Orozimbio Pereira de Souza.

 Contamos com valiosas informações e dados familiares, tanto de Orozimbio como de sua esposa Lavinia, repassadas por seus netos –Inécio Pagani Machado, Ana Maria Netto (Nane), Cléria das Graças Souza (primeira neta), Evandro Frigo Pereira; e pela nora, Célia Frigo Pereira, viúva de José Jaime Pereira, o filho mais novo do casal Orozímbio e Lavínia.

 Para elaborar o texto abaixo, por se tratar de um personagem nascido no longevo século XIX (1899) e falecido há quase 60 anos, além de ter sua descendência direta (filhos e filhas) também já falecidos, e a terceira geração (netos e netas), que pouco ou nunca conviveram com o avô, foi necessária minuciosa pesquisa para alinhar momentos importantes de sua trajetória de vida.

 De início, encontramos três grafias diferentes para o nome do homenageado. Nos anos 1800 e 1900, era comum se encontrar grafias do mesmo nome de formas diferentes, fosse pela dificuldade de elaboração de documentos, erro em redação, etc. 

 Pela Lei nº 255/96, de 31 de dezembro de 1996, o saudoso prefeito de Urupema, Nelton Rogério de Souza, sancionou projeto aprovado pela Câmara de Vereadores de Urupema, nominando a via pública, em referência, como, Ourozimbo Pereira de Souza, conforme documento anexo.

  

 Decreto Nomeação da Rua Ourozimbo Pereira de Souza

                          Acervo Prefeitura Municipal de Urupema

 

              No jazigo onde descansam seus restos mortais, no Cemitério Municipal de Urupema, o seu nome já está escrito como Ourozimbio Pereira de Souza.

  

Jazigo de Ourozimbio Pereira de Souza

                          Cemitério Municipal de Urupema

                          Acervo Ana Maria Netto (Nane)

                       

 

Na placa nominativa da via pública municipal, porém, prevalece o nome Orozímbio Pereira de Souza, como mostra a foto inicial desta matéria. Assim, mantivemos o nome, como está na placa da rua.

 

Aspectos de vida pessoal e familiar

 

Os primeiros dados, que conseguimos resgatar, foram repassados pelo neto Inécio, parceiro de nossas pesquisas e profundo conhecedor da história de Urupema. Escreveu a lauda, postada abaixo, ainda que a esta época de vida, pouquíssima tenha sido sua convivência com o avô.

 

Orozimbio Pereira de Souza

 

“Foi casado com Lavinia Antunes Amorin e tiveram dez filhos, tendo três falecidos, logo após o nascimento.

 

Sempre residiu na Avenida Manoel Pereira de Medeiros, mesmo local onde viveu o seu filho José Jaime e família.

 

Não dispomos de documentos que nos habilite a descrevermos como gostaríamos de fazer, mesmo em se tratando de um membro da minha família. Era meu avô paterno.

 

Era uma pessoa carismática e de um estilo peculiar que lhe evidenciava uma personalidade e caráter incomuns.

 

Foi durante toda a vida emancipada, líder político, sempre no mesmo partido: UDN (União Democrática Nacional), sob a liderança estadual de Irineu Bornhausen, de quem tinha apreço especial e não media esforços para trabalhar nas campanhas eleitorais pela sua UDN. 

 

Eram famosas as suas “birras”, mesmo em casa e com tudo que não saia como queria ou planejava, pois primava por linha de opinião própria e fazia disto um dos pilares que angariava respeito e se fazia acreditar pelo que realizava ou determinava para ser feito. 

 

“Tio Oro”, como também era conhecido, não falava muito, preferia retrair-se a si mesmo para ouvir mais que falar.

 

Foi Juiz de Paz do distrito de Urupema, durante muitos anos, deixando de exercer esse cargo quando a idade já não lhe dava condições que gostaria de ter para o exercício da função.

 

São apenas alguns detalhes da vida de mais um ilustre filho de Urupema.”

                                                                 (Inécio Pagani Machado)

 

Colheitas da Memória

 

Já de posse de alguns dados iniciais de identificação do personagem homenageado, buscamos novas informações com outros descendentes da terceira geração, cuja convivência foi mais próxima a ele, ou que soubessem de fatos de sua vida, ou ainda, alguém com relação de amizade com Orozimbio e Lavinia.

 

Por sua própria história, Lavinia foi também uma personagem tão marcante na vida dele, que irreal seria descrevermos só as memórias de Orozimbio.  

 

A Nane, outra neta, conseguiu envolver mais alguns familiares na busca de fotos e histórias. Agradecemos a todos que compartilharam as informações.

 

 Assim, pudemos registrar dados importantes sobre Orozimbio e Lavinia e que passamos a relatar, em seguida.

 

Orozimbio Pereira de Souza nasceu em 04 de janeiro de 1899, na região rural chamada Quebra-Dente, em terras próximas onde alguns anos, depois, surgiria um pequeno povoado com nome de Sant’Anna, (Santana), embrião da atual cidade de Urupema.

 

Orozímbio era filho legítimo de Francisco José Pereira e de Ana Felicidade de Souza. Ele criador de gado, ela doméstica, ambos naturais do estado de Santa Catarina.

 

No ano de 1921, aos 22 anosde idade e também já lidando com lavoura e gado, Orozímbio se casou com a jovem Lavinia Antunes Amorin, de 17 anos. Ela, nascida no município de Tubarão/SC, passou a morar na região de São Joaquim da Costa da Serra, em virtude de o pai ter sido nomeado escrivão para aquela cidade.

 

Orozimbio continuou a morar com a esposa na fazenda paterna no Quebra-Dente. Dessa união conjugal, nasceram 10 filhos, dos quais, três faleceram logo ao nascer ou na pré-infância. Outros sete atingiram a idade adulta, a saber: Joceni, Soni, Roseni, Maria Irene, Ana Eloy, Maura Ely e José Jaime. Todos, hoje, in memorian. 

 

Após a morte de seus pais, Orozimbo veio com sua família morar no centro da Vila de Sant’Anna, à rua Manoel Pereira de Medeiros, esquina com a rua Olavo Pereira Machado, onde a família cresceu e se criou. Descendentes seus ainda ali residem.

 

Orozimbio se destacaria em outras funções e Lavínia se tornaria conhecida e respeitada como excelente “parteira”. Por suas mãos, nasceram incontáveis urupemenses. Uma bela história de vida que, ao final da matéria, será registrada.

  

Orozimbio Pereira de Souza e Lavinia Antunes Amorin

                                                                Acervo familiar


 

Orozimbio, líder político

 

Orozimbio começou a se destacar como líder político. Respeitado e com opiniões firmes, era tido como conselheiro em épocas de eleições. Como cabo eleitoral, conquistava muitos adeptos para seus companheiros da UDN (União Democrática Nacional), seu partido político por toda vida.  

 

No dia a dia, e, principalmente, no ambiente doméstico, era uma pessoa reservada, de pouca conversa.

 

Foi designado, por muitos anos, como Juiz de Paz do distrito de Sant’Anna, depois nominado distrito de Urupema, a partir de 1944.

 

Desempenhava funções inerentes ao cargo com discernimento e capacidade de lidar com casos confusos de relacionamentos, que às vezes se apresentavam. Atuou também como Escrivão no Registro Civil do distrito de Urupema, junto com João Amarante Machado.

 

Durante a vida, o casal repassou aos filhos, valores familiares de respeito, honestidade, humildade e liderança.

 

Apaixonado por política e pela valorização do estado catarinense, teve como resultado de sua vocação espontânea, quatro de seus filhos trabalhando em serviço público estadual: Ana Eloí e Maura Ely no setor de Educação; Soni e José Jaime, no antigo DER (Departamento de Estradas e Rodagem) onde se destacaram pelo trabalho desenvolvido, chegando a exercer a função de Fiscais de Obras.

 

Orozimbio não disputou nenhum pleito eleitoral. Mas sua inclinação política foi herdada pelo filho mais novo, José Jaime Pereira, que inicialmente, foi eleito vereador distrital quando Urupema era ainda distrito de São Joaquim, para um mandato de seis anos. Depois, foi eleito vice-prefeito de Urupema em 1992, município já emancipado. Mais tarde, secretário municipal de Obras.

 

O último dos netos de Orozimbio, Evandro Frigo Pereira, filho de José Jaime e Célia, dá continuidade ao interesse pela atuação política do avô e de seu pai. Elegendo-se prefeito de Urupema por dois mandatos consecutivos de quatro anos, exerce no momento a segunda gestão administrativa – 2021 a 2024.

 

Orozimbio faleceu em sua casa, em Urupema, aos 08 de setembro de 1968. Sua esposa Lavínia veio a óbito no hospital de São Joaquim, aos 05 de julho de 1975.Os restos mortais de ambos jazem no Cemitério Municipal de Urupema.  

 

 

Acervo familiar

 


Acervo familiar

 

Descendência do casal Orozimbio e Lavinia

Segunda e Terceira geração

  

As pesquisas apontam numerosa descendência familiar do casal, tanto no passado quanto nos dias atuais.

 

Muitos de seus descendentes vivem em Urupema e contribuem para o desenvolvimento do município.

 

Pelo espaço disponível, focamos apenas a segunda e terceira geração (filhos/filhas e netos/netas), por ordem de nascimento, que seguem abaixo, com alguns registros fotográficos conseguidos.

 

 

·      Joceni Antunes de Amorin (tio Nini) – nascido em 07/03/1922 e falecido em 06/10/2000.

  

Joceni e a esposa Ilda Alves Medeiros

Acervo Cléria das Graças

 


Joceni se casou com Ilda Alves Medeiros e tiveram uma única filha e primeira neta do casal Orozimbio/Lavinia:

 

ü  Cléria das Graças.

 

  

·       Soni Antunes do Amorin (tio Tona) – nascido em 03/05/1927 e falecido em 28/05/1991.

   

Soni Antunes Amorin

          Acervo familiar

 

                              

 Soni se casou com Irma de Souza Pereira e tiveram 04 filhos:

 

ü  Reni;

ü  Renato;

ü  Lúcia;

ü  Donizete.

 

 

·       Roseni Antunes Machado (tio Rosa) – nascido em 03/02/1925 e falecido em 09/03/1996.

  

Certidão de casamento de Roseni Antunes Machado com Ida Pagani

Acervo Inécio Pagani Machado

 

Roseni e Ida tiveram 07 filhos: 

ü  Herly Luiz;

ü  Pedro Helio;

ü  Francisco Enio;

ü  Inécio;

ü  José Arno;

ü  Maria Lenir;

ü  MariElsie.

  

·       Maria Irene Pereira - nasceu em 11/02/1930 e faleceu em 09/01/2009.

 Não se casou e nem teve filhos.

Maria Irene trabalhou durante 32 anos como enfermeira no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, de Lages, no setor de atendimento a hanseníase. Foi para o hospital, com cerca de 15 anos de idade, e ali, praticamente, acabou sendo criada pelas irmãs do hospital.

Em 1977, dois anos após a morte de sua mãe Lavinia, ela ficou doente e se aposentou. Voltou para Urupema e passou a residir com sua irmã Ana Eloy, até o falecimento desta, em 2002. Irene, diante do fato, mudou residência para a casa de Maura Ely, outra irmã e ali faleceu em 2009. Uma vida de devoção.

 

 

Maria Irene Pereira - um ano antes de seu 

              falecimento em2009.

                                 Acervo Ana Maria Netto (Nane)



                            

·       Ana Eloy de Amorin Morais Madruga –nasceu em 07/02/1931 e faleceu em 09/02/2002.

 

Bem jovem, por volta de 13 anos de idade, Ana Eloy foi morar com a doutora Renée Waltrick de Arruda Correia, conceituada e quase centenária médica urupemense, falecida em maio/2022 e com ela se criou. Mais tarde, Ana Eloy se casou com Ari Morais Madruga. Não tiveram filhos. 

 

Lavinia Antunes do Amorin e a filha Ana Eloy Morais Madruga

                                                              Acervo familiar


                  

·       Maura Ely Pereira Correa (tia Lita) – nascida em 24/09/1932 e falecida em 20/09/2014.

 Maura Ely se casou com João José Corrêa e tiveram 05 filhos:

 

ü  Maria das Graças;

ü  Zaira Aparecida;

ü  Ana Maria;

ü  José Luis;

ü  Joel Donizete. 

  

Da esquerda para a direita – Zaira Aparecida, José Luís, Maria 

                                    das Graças, Maura Ely, Joel Donizete e Ana Maria Netto (Nane)                                                     

                                                                            Acervo familiar



José João Corrêa, esposo de Maura Ely

                                             Acervo familiar

                                  

·       José Jaime Pereira (tio Jaime) – nasceu em 24/08/1937 e faleceu em 11/05/2018.

  

       José Jaime Pereira e Célia Frigo Pereira

                                                          Acervo Célia Frigo Pereira

                       

 Filho mais novo do casal Orozimbio e Lavinia, José Jaime casou-se com Célia Frigo e tiveram um filho:

 

ü  Evandro Frigo Pereira

 

O casal Orozimbio e Lavinia teve sete descendentes diretos, na figura dos filhos e filhas. Posteriormente, a estes se juntaram genros e noras, que acresceram ainda mais dezoito membros da terceira geração, através de netos e netas.

 

Interessante ressaltar, que dos dezoito netos, cerca de catorze ou quinze deles, foram acolhidos em seu nascimento pelas mãos cuidadosas e abençoadas da avó e parteira Lavinia.

 

Assim, como dissemos no início da matéria, a pesquisa contou com importante envolvimento familiar do homenageado. Sem dúvida, a construção do cuidado para que o trabalho fosse elaborado com êxito, gerou rica matéria onde valores da memória afetiva vieram à tona.

 

Importante lembrar sempre, que o objetivo do Projeto Urupema Tempo e Memória é levantar, unir histórias, famílias e amigos. Ainda que, com dados, às vezes, mais superficiais, torna-se um ponto de partida para acréscimos onde a valorização histórica possa permear o futuro.

 

 

LAVINIA, consagrada parteira de Urupema

 

Encerramos esta matéria, postando textos biográficos sobre a história de Lavinia, ou “Lavinha”, como era carinhosamente chamada por muitas mães aflitas.

 

Pesquisa elaborada com muito esmero e carinho, por seus familiares, Maura Ely Pereira Corrêa e José Jaime Pereira (filhos, in memorian), Ida Pagani Machado (nora, viúva de Roseni) e Célia Frigo Pereira (nora, e hoje, viúva de José Jaime Pereira), foi publicada em 08 de março de 2012, Dia Internacional da Mulher.

 

Lavinia, tempo sem hora, pronta para a mais divina lição que Deus lhe deu: mãe e parteira.

 

Uma história de vida recheada de amor e fraternidade Vale a pena ler!

 

 

“Lavínia Antunes de Amorin (1904 – 1975)

Destaque ao Trabalho Voluntário

Dia Internacional da Mulher – 08 de março de 2012

  

Lavínia Antunes de Amorin nasceu no município de Tubarão/SC, em 05 de abril de 1904, filha legítima de Júlio Antunes de Souza e Maria Cândida de Amorin.

 

Aos 13 (treze) anos, passou a residir na região serrana de Santa Catarina acompanhando a família, pois o pai havia sido nomeado Escrivão na Vila de São Joaquim da Costa da Serra, já desmembrada de Lages.

 

Ainda adolescente, de forma voluntária, passou a cuidar de uma criança – José Jaime Vieira, filho de vizinhos de seus pais. 

 

O tempo foi passando. Alguns anos depois, conheceu o jovem Ourozimbio Pereira de Souza, com o qual se casou aos 17 (dezessete) anos, vindo morar nas imediações da Vila de Sant’Anna. Sendo Ourozimbio descendente de agricultores, foi nesta atividade que constituiu parte de sua família.

 

Desta união, nasceram 10 filhos, dos quais ainda vivem em Urupema os dois mais novos: Maura Ely Pereira (Tia Lita) com 79 anos, e José Jaime Pereira (Tio Jaime) com 74 anos.

 

Juntamente com o esposo, foi uma mãe exemplar, repassando aos filhos valores familiares de respeito, honestidade, humildade, fraternidade e liderança.

 

Por volta dos 25 (vinte e cinco) anos, já mãe, recebeu a visita de uma das irmãs – Maria Cândida (Tia Bilica), habilitada em realizar partos. Durante a estadia dela em sua casa, uma vizinha, prestes a dar a luz, pediu socorro e Lavinia recorreu à irmã para fazer o parto. Enquanto sua irmã trabalhava, ia lhe explicando os procedimentos necessários para auxiliar uma gestante, neste momento.

 

Após este episódio, Lavínia passa a fazer os partos das amigas e vizinhas, primeiramente. Assim, com um parto após o outro, ela ia ganhando experiência e confiança em seu trabalho, que era sempre voluntário. A fama de boa parteira se espalhava e passou a ser chamada para atendimentos, cada vez mais distantes.

 

Alguns anos depois, vieram morar no centro da vila de Urupema, local onde mora o tio Jaime. (Hoje, ali ainda reside Célia Frigo Pereira, viúva do tio Jaime).

 

Como sabemos, na época de seus atendimentos, as idas e vindas ao trabalho eram feitas a pé, a cavalo, aranhas, de dia e ou de noite, com frio, chuva, geada, neve, através de picadas atravessando campos, capões, riachos... Era muito difícil haver transporte motorizado.

 

Onde se podia chegar, lá ia a mulher, esposa, mãe e parteira. Confiante, alegre, rezando, com pressa, pois a criança não podia esperar para nascer. Nunca se negava alegando problemas pessoais ou familiares. Com os poucos recursos que dispunha, obtinha bom sucesso nos partos que realizava. 

 

Foram aproximadamente 47 (quarenta e sete) anos dedicados a esta atividade. Ela acompanhava a gestação e sabia quando o parto necessitava de recursos melhores. Encaminhava, então, a parturiente para o médico. Nenhuma parturiente morreu em suas mãos.

 

A vida passou, veio a viuvez aos 64 (sessenta e quatro) anos (1968). Ela continuava firme na missão, contando, em casa com a companhia de seu filho mais novo, José Jaime.

 

Aos 69 (sessenta e nove) anos, no final de 1973, acidentalmente sofre fratura na parte superior do fêmur. Veio a cirurgia, a recuperação. Muitas limitações surgiram, como caminhar pouco e a necessidade de uso de muletas. Mesmo assim, ainda realizou alguns partos.

 

Em 06 de julho de 1975, faleceu no hospital de São Joaquim, vítima de enfizema pulmonar. Seus restos mortais estão no Cemitério Municipal de Urupema.

 

Lavinia Antunes de Amorin deixou saudades entre os familiares, vizinhos, amigos, mães....

 

Não foram poucas as mulheres que, em oração, continuaram a pedir a graça de um bom parto por intercessão de sua alma.

 

Fazem 37 (trinta e sete) anos de sua partida e a lembrança ainda está viva em quem a conheceu e pôde conviver com ela ou receber a sua ajuda.

 

Fostes em seu tempo, Mulher Destaque!

Somos gratos pelo trabalho voluntário realizado.

  

Pós-Morte

 Em 11 (onze) de dezembro de 1998, foi criada em Urupema a Associação Núcleo de Aprendizagem e Produção Lavinia Antunes Amorin, entidade considerada de Utilidade Pública Municipal e Estadual, cujo estatuto se encontra na Prefeitura Municipal de Urupema.

                                               (Urupema, 08 de março de 2012).”

 

  

O Projeto Urupema Tempo e Memória, em breve, retorna com novas histórias de vida de personalidades de Urupema.

Paz e fraternidade a todos os amigos leitores.

                                                                             Setembro/2022